segunda-feira, 26 de março de 2007

Provincianismo #1 - Os "Nortenhos" são os mais machistas dos Portugueses

Carta aberta ao Semanário "Sol"

Caro Dr. José António Saraiva e Dr. Carlos Oliveira Santos,

Na edição do passado dia 24 de Março de 2007, no caderno de negócios, página 13, no artigo intitulado "O menino Sonae", era afirmado, a propósito da sucessão de Belmiro de Azevedo, que "A (sucessão pela) filha, mais novas que eles (os irmãos), seria, infelizmente, num grande grupo português firmado a Norte, uma impossibilidade histórica."

Esta afirmação, não só é extremamente infeliz, como preconceituosa, e falsa sob vários pontos de vista.

1- A primeira afirmação é a de que a filha mais nova de Belmiro de Azevedo não poderia ser a sua sucessora, pelo simples facto de ser mulher.

Tudo leva a crer que esta afirmação não esteja correcta. Tal como se poderá constatar pela leitura do vosso artigo, o factor mais importante nas promoções (e sucessões) na Sonae é o mérito. Repito, o mérito. Em todo o artigo é afirmado que Paulo de Azevedo, ainda que auxiliado pela experiência do pai, atingiu a liderança por competência, e não por afiliação. Seria completamente contrário aos princípios da Sonae que um colaborador com mérito reconhecido não fosse promovido por questões de género. Logo, tivesse Cláudia de Azevedo mérito reconhecido no momento da sucessão, e teria sido considerada.

Aliás, muito mais pertinente que o género, é a idade de Cláudia de Azevedo, que tem tido uma carreira ascendente na Sonae, mas ainda não teve tempo suficiente para percorrer as escadas necessárias na hierarquia organizacional. Pergunto-me se Paulo de Azevedo teria condições para a liderança há 3 ou 4 anos atrás. Certamente que não. Pois é precisamente nesse ponto da sua carreira que Cláudia de Azevedo está.

2- É afirmado que esta suposta discriminação de género tem a sua génese no facto da Sonae ser um grupo do Norte, e consequentemente, "uma impossibilidade histórica" que uma mulher ascendesse à liderança.

Esta afirmação é falsa, extremamente infeliz e preconceituosa.

Falsa, porque passa duas ideias:
a) Que a discriminação de género no nosso país é exclusiva (ou pelo menos mensuravelmente mais significativa) do Norte.

Isto é falso. Basta analisar as empresas do PSI 20 (a maioria das quais não tem sede no Norte do país, mas na capital), para constatar que em nenhuma a liderança é assumida por uma mulher. Convido mesmo os responsáveis do "Sol" a fazerem a análise para as 100 maiores empresas portuguesas. Não conseguirão encontrar 5 empresas (aliás, duvido que consigam encontrar 3) que sejam lideradas por mulheres.

Não pretendo tornar esta carta num ataque directo ao "Sol", mas confesso que fiquei com curiosidade em saber se a Direcção do "Sol", que tem sede em Lisboa (não no Norte), teria algum elemento feminino. Com estupefacção verifiquei que não. Os 4 directores são homens. Nenhuma mulher (não pretendo afirmar que haja discriminação de género, mas que a predominância dos homens é transversal a regiões e sectores económicos).

Ou seja, a discriminação de género é, infelizmente, um problema nacional nem exclusivo, nem singnificativamente mais acentuado no Norte que nas restantes regiões do país.


b) Que a liderança de uma mulher é uma impossibilidade histórica no Norte.

Falso. Uma das principais figuras históricas do Norte é uma mulher - Antónia Ferreira, mais conhecida como a "Ferreirinha", foi uma das maiores empresárias do país no século XIX. Repito, século XIX. Esta é uma constatação histórica.

Mais, tal como o "Sol" teria obrigação de saber, Maria Cândida Morais assumiu este ano a presidência da Maconde, grande grupo de vestuário em Portugal. Acabei de dar dois exemplos de que a liderança de mulheres em empresas no Norte, não só é uma possibilidade com raízes históricas, como é uma realidade muito actual.

Mas há também factores histórico-culturais que indicam que não será no Norte que as mulheres são mais desconsideradas. O desconhecimento das diferenças culturais regionais é, infelizmente, um mal generalizado no nosso país. Pois uma análise histórica aprofundada permitir-lhes-ia verificar que é no Minho rural que se encontram os traços culturais que, em Portugal, mais se aproximam de uma sociedade matriarcal (resultado da presença celta a norte do Douro). A título de exemplo, no Minho a distinção de funções entre homens e mulheres é muito ténue, raramente se fazendo as tradicionais distinções de trabalho (fisicamente) mais pesado para um dos sexos. (Não pretendo aqui afirmar que a real igualdade de sexos existe no Minho, ou que a diferenciação de funções é inexistente, mas que é nesta região do país que esta diferenciação é menor).


Sendo afirmações falsas, gostaria manifestar o meu profundo repúdio pelas afirmações realizadas, uma vez que são de carácter xenófobo, completamente injustificadas, e claramente inapropriadas para um semanário que procura impôr-se como uma referência no jornalismo português.

As afirmações poderiam ser consideradas fruto de um acto inconsciente. Mas são os preconceitos inconscientes os que mais importa alertar e combater, pois também são esses que mais facilmente passam inconscientemente para os leitores. A ser afirmações inconscientes, mostram a presença de um estereótipo irreal das populações do Norte, bem como uma incapacidade de autocrítica à região onde se insere (pois vê discriminação de género no Norte, mas não na localidade onde está presente, embora esta exista). E assim, é este estereótipo acríticamente transmitido, e reafirmado junto daqueles que, erradamente, o tomam como verdadeiro. É missão de um semanário de referência questionar os estereótipos, em vez de os estimular.

Mas, infelizmente, a força com que a "impossibilidade histórica" é afirmada leva-me a crer que o autor do artigo acredita racionalmente no que afirma. A ser assim, e porque discordo desse preconceito, mais uma vez o convido a rever os pressupostos do seu julgamento das populações do Norte, tanto olhando para estas, como para o país como um todo. Afinal, para a eliminação da discriminação de géneros seria bem mais útil reconhecê-la como um problema de Portugal como um todo, e não a tratar como um problema "supostamente" exclusivo de regiões específicas do país, neste caso, do Norte.


Esta carta aberta, e respectiva resposta da Direcção do "Sol" (que espero receber em breve) serão publicadas no blogue
www.antiprovinciano.blogspot.com . Acredito que esta actuação consitui uma forma adequada de fomentar o espírito de tolerância e de autocrítica das populações, de defesa da liberdade democrática pelos cidadãos, e da responsabilidade e isenção da imprensa na sua actuação.

Com os melhores cumprimentos
(Devidamente assinado pelo autor deste blogue, conhecido por Snowball)

Se isto fossem os melhores Portugueses, mais valia mudarmos todos de nacionalidade

Caríssimos,

Como se previa, Salazar foi o mais votado para o Grande Português, com 41% dos votos (cerca de 80.000 votos). Que conclusões tirar daqui?

1 - Confirma-se a apetência dos portugueses para o Sebastianismo - os dois mais votados, ditador e aspirante, recolheram 60% dos votos. O total de ditadores (e aspirantes) chega aos 65%, ou mesmo aos 75% (se considerarmos D. Afonso Henriques, embora tal possa ser considerado abusivo).

2 - Confirma-se o desconhecimento dos portugueses em relação à sua História. Sendo o sec. XX um século decadente para Portugal, as suas personalidades (Salazar, Cunhal, Aristides, Pessoa) recolheram mais de 75% dos votos. As pessoas votam em quem conhecem. Tendo em conta que toda a gente conhece (o nome) de D. Afonso Henriques, conclui-se que menos de 15% dos portugueses tem um conhecimento mínimo da nossa história. D. João II está a dar voltas na campa…

3 - São os candidatos com uma massa de adeptos mais fervorosa que conseguiram melhores resultados. De um lado a extrema direita, de outro a esquerda mais radical. Foi estes que o programa mobilizou. Sinceramente, o português médio está-se nas tintas se ganha o Vasco da Gama ou o Camões...

4 - A ligeira vantagem inicial resultante do "fervor" de grupos minoritários terá acentuado a polarização no Salazar e Cunhal. "Voto no Salazar porque não quero que ganhe o Cunhal." "Voto no Cunhal porque não quero que ganhe o Salazar". Desconfio que se o "Marocas" estivesse na lista seria o grande vencedor… (embora também não seja o maior português). Isto diz-nos que a lógica do "voto útil" pode resultar na eleição de candidatos que, à partida, ninguém desejaria... O mais engraçado de tudo é que, segundo este raciocínio, a vitória do Salazar pode bem ter sido culpa da eficácia da máquina partidária comunista : )

5 - O televoto não funciona como método democrático de eleição. Salazar teve mais votos que o PNR. Cunhal menos que o PCP. Qualquer um dos outros candidatos teve menos votos que o Partido Humanista…

6 - A principal conclusão a retirar daqui é que as pessoas que estão dispostas a gastar 0,60€ (por voto) em votações para a televisão, tendem a votar no Salazar. Para além de ser uma forma estúpida de gastar dinheiro (e contra mim falo, embora não tenha votado em nenhum ditador mediocre) - logo, quem vota no Salazar é, em média, pouco inteligente - Salazar estaria contra o desperdicio de dinheiro em televotos. Mais importante era aumentar as reservas de ouro do Banco de Portugal, esse grande designio patriótico. Logo, quem gasta dinheiro em televotos seria antipatriótico e como tal perseguido pela PIDE (até porque estava a exercer um direito inexistente à liberdade de expressão). Logo preso e torturado, exilado, e eliminado. Irónico, os Salazaristas seriam os primeiros a ser perseguidos. (Este argumento é de cariz humorístico, que ninguém se sinta ofendido…)

7 - O verdadeiro vencedor foi o Aristides. A correr por fora, conseguiu o 3º lugar, e é claramente o mais merecedor do título de GRANDE. De Portugal ou de onde for.

8 - A verdade não vai a votos. Salazar foi um tirano, perseguiu pessoas, promoveu a ruralização e sub-educação do país (e estes eram objectivos intencionais do regime, logo a culpa é dupla). Foi um ditador medíocre num país decadente. Terá tido algumas coisas boas. Outras muito más. Não é nem Deus nem o Diabo. É "cinzento", como todos. Mas é cinzento escuro. Por muitos votos que tenha, será sempre um tirano. Não vale a pena tentar "lavar" a História

9 - Salazar já morreu, não volta. Não será o PNR, esse grupo formado por um bando de arruaceiros ex-presidiários, organizados em grupos para-militares (sim, armados com material de guerra) que por aí andam a promover o "Portugal para os portugueses" (com fotos de meninos loirinhos de olhos azuis, "tipicamente" portugueses…) que irão trazer o Estado Novo de volta (até porque não são salazaristas, são mesmo neo-nazis).
(Desde que estejamos mais atentos a partir de agora...)


O que é irónico é que os 3 mais votados são respectivamente o 7º (6,6%), 8º (6,3%) e 9º (5,9%) mais votados no estudo de opinião disponível no site da RTP.
http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/grandesportugueses/SondagemGrandesPortugueses.pdf
Daqui se conclui que a falta de mobilização das maiorias conduz à sobre-representação das minorias. Segundo este estudo de opinião, os verdadeiros vencedores seriam o D. Afonso Henriques, o Camões,e o Inf. D. Henrique.

P.S. O que esperar de um programa que consegue colocar o Hélio Pestana em 79º, o Ricardo Araújo Pereira em 76º, Vitor Baía em 66º, a Padeira de Aljubarrota (?) em 51º, o Sócrates em 48º (caramba, bom ou mau, o homem ainda nem aqueceu a cadeira...), Luís Figo em 30º...

Depois de ver a lista do número 21 até ao 100, é fácil perceber que isto não era um programa educativo, de entretenimento, de debate, histórico, documental... dir-se-ia que é uma comédia hilariante. Mas isso é até ao 21. Quando começamos a ver nos 20 primeiros o José Mourinho, o Pinto da Costa, o Eúsébio, o Salazar, percebemos que não é senão uma tragicomédia. De mau gosto.

domingo, 25 de março de 2007

Patroes querem ter mesma hora que a Europa II

Caríssimos,

Em notícia publicada hoje no Jornal de Negócios online, 4 confederações patronais escreveram ao Primeiro Ministro a pedir-lhe a uniformização da hora portuguesa com a hora continental europeia.
http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=292994
Depois de reflectir um pouco sobre o assunto, sou completamente a contra (até ver novos argumentos a favor).

1- Segundo estas entidades patronais, a uniformização da hora eliminaria algumas dificuldades nos contactos comerciais (ex. telefonemas só até às 15h/16h, desfasamento dos horários de almoço), bem como facilitaria os horários nas deslocações ao estrangeiro, pois para ter uma reunião de manhã, é necessário viajar de véspera (mesmo para ter uma reunião em Madrid às 10h, é necessário apanhar um avião às 7h). Bem mais fácil que mudar a hora do país, é mudar o horário de trabalho. Porque não começar a trabalhar 1h mais cedo?

2- Para além disso, para os estrangeiros é bem mais fácil ter uma reunião em Portugal (sair de espanha às 9h para uma reunião às 10h - o voo chega à mesma hora que parte…). Também para o turismo, em particular nas zonas da raia, a diferença de hora pode ser uma pequena ventagem - os espanhóis que nos visitam podem continuar a jantar às 23h deles, ou vir de propósito à noite em Portugal, que assim começa ainda mais tarde (e dá tempo para a viagem)

3- É verdade que uniformizar a hora significaria aumentar o desfasamento em relação à hora solar real de 36m para 1h36m. Mas isto é mau? É! O horário actual é adequado às pessoas que necessitam de acordar relativamente cedo. De facto, no Inverno, o dia passaria a durar entre as 8h00 e as 18h30m. Uma grande parte da população acorda antes das 8h, e muitos antes das 7h. É bem simpático sair de casa e já ver (pelo menos um bocadinho) de Sol.

4- Porque o nosso fuso horário faz parte da identidade nacional (estou a fazer de conta que não sei que já existiu a hora do meridiano de Lisboa...). Mudam-nos o fuso hoje, amanhã a língua, e depois de amanhã, quem sabe, ainda nos obrigam a adoptar o Euro...

5- Finalmente, o argumento definitivo para não uniformizar a hora: se uniformizarmos a hora, quando for ao estrangeiro, deixarei de ter que mexer no relógio. Para além de ser uma experiencia que acrescenta valor ao turismo, como é que me posso sentir em férias se até estou no mesmo fuso horário.

Hão de reparar que este post é simétrico a um anterior (a sublinhado as diferenças). Não procurei mostrar os meus pontos de vista, mas antes mostrar como se pode olhar de forma completamente simétrica para os mesmos argumentos. O que me parece é que a questão não é assim tão simples - os horários de trabalho, os horários das escolas, as horas de vida (a que as pessoas se deitam, almoçam, jantam...), todos eles foram sendo definidos expontaneamente (por vezes expontaneamente de forma "centralizada") tendo em conta horário solar, diferenças em relação à Europa, e também muitos outros factores que nada têm a ver com o assunto.

A mudança de hora até poderia ter vantagens do ponto de vista económico imediato. Mas para minimizar as consequências negativas seria necessário alterar horários de escolas, etc. Curiosamente, todas essas alterações são semelhantes às necessárias para garantir as vantagens económicas sem alteração de fuso horário. Se as confederações patronais se conseguem unir para pedir a mudança de hora, também se conseguirão unir para alterar horários de trabalho...

Por amor de Deus, resolvam os vossos problemas sozinhos, não esperem que seja o Estado a fazer-vos tudo.

Nota: obviamente estou a gozar no ponto 4.

Momentos antes dos resultados da voltação do maior português (Salazar, um vencedor anunciado?)

Segundo os últimos números veículados pela imprensa, parece que o Salazar vai ganhar a votação. Não é surpreendente a tendência dos portugueses para gostar de ditadores. Na lista dos 10 maiores portugueses, estão nada mais nada menos que os 3 maiores tiranos que Portugal conheceu (Salazar, Marquês de Pombal, e D. João II). A este acrescente-se o Afons Henriques, que não era flor que se cheire, e o Álvaro Cunhal, que não foi ditador só porque não conseguiu...

Mas nem tudo está mal, também temos defensores da liberdade. Bem, é só o Aristides Sousa Mendes, mas o Salgueiro Maia e o Mário Soares ficaram em 11º e 12º. E também o Cunhal (queria destruir uma ditadura para colocar lá outra, mas felizmente, só foi bem sucedido a 50%...).

Segundo a imprensa, o Salazar irá ficar em 1º, o Cunhal em 2º, e o Aristides em 3º.
Dir-se-ia à partida que o pessoal do PNR e da JCP tem andado bastante ocupada. Mas a crer no excelente blogue "small brother",
http://small-brother.blogspot.com/2007/03/entre-os-que-o-conheceram.html não são os únicos fãs, pelo menos no caso do nosso ditador favorito (argh!?!):

"Uma outra conclusão, menos politicamente correcta, advém da contagem dos votos das pessoas com mais de 65 anos: colocam Salazar em 1º lugar. Para aqueles que o conheceram, que sofreram das restrições à liberdade impostas pelo seu regime, Salazar é o maior português de sempre. Repito, entre os que o conheceram Salazar é o maior português de todos os tempos."

Ao menos as revoluções (ou contra-revoluções) nunca foram feitas por idosos. E segundo a lei natural da vida, é certo que daqui a 20 anos teremos bastante menos salazaristas.
Não me interpretem mal, mas estaria muito mais preocupado se os votos viessem da população mais nova. Os saudosistas do passado são bem menos perigosos que um bando de arruaceiros neo-nazis paramilitares e racistas.

Realçe-se que, mais uma vez segundo o small brother, o grande vencedor seria o Fundador da Nacionalidade, seguido do maior poeta Universal e da nacionalidade portuguesa. Em terceiro ficaria o melhor publicitário de Coca-Cola. Curiosamente, o marinheiro escolhido para levar os barcos até à India (Vasco da Gama) é paradoxalmente mais importante que os 2 grandes mentores do descobrimentos portugueses (Infante D. Henrique e D. João II). O que me leva a crer que os portugueses sabem muito pouco de História.

Bem, o programa está a começar. Está na altura de trocar de cartão de telemóvel para votar mais uma vez. Ao contrario dos portugueses, para votar no maior português de todos os tempos...

sexta-feira, 23 de março de 2007

Patroes querem ter mesma hora que a Europa

Caríssimos,

Em notícia publicada hoje no Jornal de Negócios online, 4 confederações patronais escreveram ao Primeiro Ministro a pedir-lhe a uniformização da hora portuguesa com a hora continental europeia.

http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=292994

Depois de reflectir um pouco sobre o assunto, sou completamente a favor (até ver novos argumentos contra).


1+ Segundo estas entidades patronais, a uniformização da hora eliminaria algumas dificuldades nos contactos comerciais (ex. telefonemas só até às 15h/16h, desfasamento dos horários de almoço), bem como facilitaria os horários nas deslocações ao estrangeiro, pois para ter uma reunião de manhã, é necessário viajar de véspera (mesmo para ter uma reunião em Madrid às 10h, é necessário apanhar um avião às 7h).

2- Por outro lado, para os estrangeiros é bem mais fácil ter uma reunião em Portugal (sair de espanha às 9h para uma reunião às 10h - o voo chega à mesma hora que parte…). Também para o turismo, em particular nas zonas da raia, a diferença de hora pode ser uma pequena ventagem - os espanhóis que nos visitam podem continuar a jantar às 23h deles, ou vir de propósito à noite em Portugal, que assim começa ainda mais tarde (e dá tempo para a viagem)

3+ É verdade que uniformizar a hora significaria aumentar o desfasamento em relação à hora solar real de 36m para 1h36m. Mas isto é mau? O horário actual está muito mais adequado a uma sociedade agrícola (deitar cedo, e cedo erguer...). De facto, no Inverno, o dia passaria a durar entre as 8h00m e as 18h30m. É bem simpatico sair do trabalho e ainda ver um bocadinho de sol.

4+ Finalmente, o argumento definitivo para uniformizar a hora: estou farto de alterar a hora do relógio quando vou ao estrangeiro. Ainda por cima nunca sei se é para a frente ou para trás...

quinta-feira, 22 de março de 2007

Caes, assaltos e mortes

Infelizmente, têm que morrer pessoas para que alguém se preocupe (http://dn.sapo.pt/2007/03/22/tema/caes_matam_novo_portugal_cinco_anos_.html)

O número crescente de cães de raças perigosas começa a constituir-se um problema:
1 - Porque cada vez mais estes cães são utilizados em assaltos (confesso que quase sempre que vejo um pitbull, este vem acompanhado de um jovem de aspecto muito pouco recomendável)
2 - Porque em Portugal (ao contrário do que a lei obriga) os cães são "passeados" sem trela e sem açaime.

Por mim, os cães andavam mesmo de trela e açaime. Todos. Mas um deles já era bom. Porque a via pública é para os cidadão circularem à vontade. Não é para ter de mudar de passeio porque do outro lado está um pitbull, ou mesmo um caniche histérico.

Para mim, um cão solto não é um problema. Eu não tenho medo. Mas conheço quem tenha, e acho legítimo. E concordo. E também concordo que o cão que "não morde, é meiguinho" pode até ser meiguinho para o dono, mas não são poucas as vezes em que o cão "meiguinho" fecha o focinho com a "mãozinha" lá dentro.

Não sou só eu que concordo - é também esse o entendimento do legislador. Daí que os cães tenham que ser registados, tem que ter seguro, e os cães de raças consideradas agressivas requerem licença (pelo menos fui assim informado deste ultimo ponto). Particularmente porque cada vez mais são usados em assaltos.

Curiosamente, "a polícia não sabe o que fazer quanto à nova arma dos bairros problemáticos" (
http://visao.clix.pt/default.asp?CpContentId=333090). É engraçado. Que tal fazer cumprir a lei? Ainda não vi um polícia a pedir os documentos ao dono de um Pitbull que o passeia sem trela. E já assisti a várias situações em que isso poderia ter sido feito. Se não tem documentos, chama-se o canil, apreende-se o cão, multa-se o dono.

Se eu andar na rua com uma caçadeira, o polícia é capaz de me pedir a licença de porte de arma. Pelo menos devia, é a sua função. Porque deverá ser diferente com os cães assassinos, usados em assaltos?

(nota: eu tanto adoro cães que tenho um. Mas defendo que as cidades são para as pessoas, não para os cães. Para não falar das praias...)

O inicio da luta

Caríssimos,

Há já algum tempo que vou pensando neste blogue. Ao longo dos últimos anos fui-me apercebendo do "provincianismo" que inunda toda a sociedade portuguesa, independentemente do ponto do país em que se está.

Por provincianismo entendo várias mentalidades. A mentalidade bairrista e belicosa. A mentalidade "pseudo-cosmopolita" que julga tudo e todos por estereótipos. A mentalidade dos que pensam que "lá fora é que é bom". E a mentalidade dos que acham que os outros não merecem respeito.

Peço desculpa, eu sei que não estou a ser muito claro. Na verdade, só queria fazer uma curta introdução - o que é mesmo relevante são os posts. Ao fim de meia dúzia já todos teremos percebido o objectivo do blogue.