terça-feira, 1 de maio de 2007

Norte vs. Galiza - a razão da divergência

Alberto Castro, sobre a razão da divergência do Norte de Portugal e da Galiza, no JN de 17.04.2007

"(...) Com a chegada da democracia a Espanha, os desejos de autonomia de algumas regiões, entre as quais a Galiza, reacenderam-se e obtiveram consagração. Do lado de cá, havia as regiões-plano e as respectivas comissões de coordenação. Os intercâmbios entre o Norte e a Galiza intensificaram-se e as assimetrias de poder de decisão começaram a vir ao de cima.
Enquanto do lado de lá uma discussão podia acabar com a fixação de um objectivo e um orçamento estipulado, do lado português elaboravam-se relatórios para os vários ministérios de tutela. E ficava-se a aguardar. O que se conseguia era, muitas das vezes, o resultado do empenho dos sucessivos presidentes da CCDR. A eles e a um punhado de militantes sonhadores se deve o facto de a cooperação não ter morrido e ter construído história e ganho reputação.
Feita a aprendizagem, a Xunta começou a ser cada vez mais dinâmica e ambiciosa. Internamente e no plano da cooperação transfronteiriça. E continuou a ter interlocutores que assinavam por baixo no plano das intenções e esperavam que o governo central fosse solidário.
Entretanto, a Galiza acelerava. Igualava-nos e, na mesma passada, ultrapassava-nos. Não obstante aquilo que, já na altura, parecia evidência suficiente, no referendo para a regionalização, os "entendidos" menorizaram a experiência espanhola que chegou mesmo a ser criticada.

Desde aí, Portugal assistiu, impávido e sereno, do cimo da sua racionalidade centralista e centralizadora, à cavalgada espanhola. Para a qual todos reconhecem que contribuíram, decisivamente, a emulação entre as autonomias, a capacidade que os governos respectivos tiveram de interpretar as necessidades e os anseios dos seus vizinhos, também eleitores, e de desenhar estratégias que se ajustassem às suas capacidades, competências e desejos.
A determinação, a ambição e a capacidade de decidir fizeram o resto. Será que da próxima vez ainda haverá a coragem de negar a evidência? Quando estão em jogo interesses instalados, nunca se sabe!"

2 comentários:

Anónimo disse...

Feita a aprendizagem, a Xunta começou a ser cada vez mais dinâmica e ambiciosa. Internamente e no plano da cooperação transfronteiriça. E continuou a ter interlocutores que assinavam por baixo no plano das intenções e esperavam que o governo central fosse solidário.


Nao sei com que criterios este professor intenta

a) valoriçar demasiado a Xunta de Galiza nestes útlimos anos, confundindo a Galiza com (resto de Espanha). Confunde o tudo com a parte, pois

b) des-valoriçar o norte de Portugal, porqué?

Intentar e uma coisa, conseguir outra bem diferente !

Anónimo disse...

a) O dinamismo da Junta pode ser avaliado pelo seu esforço de cooperação com o Norte de Portugal. E também pelo seu crescimento - o facto é que também nós estamos à beira de espanha e não conseguimos o mesmo crescimento...

b) Não há desvalorização do Norte de Portugal - há apenas o reconhecimento que a falta de autonomia estratégica significa que todo o esforço de cooperação dos agentes do Norte está dependente do entendimento e prioridades do Governo Central - que não conhece tão bem a realidade local, nem tem a mesma rapidez de acção, nem incentivos adequados para a ter. Aos agentes do norte só é possivel "intentar" - cabe ao governo central "decidir e conseguir"