O Centralismo visto por empresários Lisboetas no Norte
Por Elisa Ferreira, no Jornal de Notícias (29.04.2007). (adaptado)
"(...) Este último programa não foi assim. Existiu, de facto, algo de novo o contributo de duas personalidades nacionais, no caso dois gestores experientes, ambos economicamente liberais e assim pouco amigos de interferências do Estado na economia, ambos tendo habitualmente trabalhado na capital e agora experimentando, pela primeira vez, o exercício da sua profissão em grandes empresas mas a partir do Norte - refiro- -me a António Pires de Lima (Unicer) e a Luís Filipe Pereira (Efacec). Com o maior respeito pelos outros intervenientes, a grande novidade foi a frescura e a convicção desses dois depoimentos lisboetas.
De modo extremamente simples, ambos identificaram as grandes diferenças decorrentes de trabalhar no Norte. A sua primeira surpresa terá tido a ver com o facto de, no Norte, o Estado e os funcionários públicos parecerem não existir - identificaram esta ausência associada a um viver sem "aquele aconchego", sem o "quentinho" da capital. Um segundo aspecto para eles notório terá sido o de se estar em face de uma população sem ordenados garantidos pelo erário público, largamente desempregada e com baixos salários, tudo isso conduzindo a que compre muito pouco e a que o comércio e a actividade económica em geral definhem. Em terceiro lugar, deixaram um registo violento sobre o tempo absurdo que o comboio demora entre o Porto e Lisboa e sobre os custos absolutamente insuportáveis da alternativa aérea.
E foi assim que, passo a passo e à medida que a conversa decorria, fui ouvindo a defesa de uma ligação ferroviária rápida entre Lisboa e Vigo, a crítica à privatização monopolística da ANA, o argumentário a favor da autonomia na gestão do aeroporto do Porto, a necessidade de desenvolver o interior e de combater o excessivo congestionamento da capital, o apoio a uma efectiva descentralização da administração pública, a defesa de condições para que possa existir alguma concorrência salutar entre as regiões portuguesas. Ao mesmo tempo que uma regionalização em torno das cinco regiões quase ia recolhendo a unanimidade...
Nada de conformismos, "de déjà vu", de medir as palavras para não se parecer bairrista! Sejam, pois, bem-vindos, porque dito por nós já não se aguenta mais! Ou será que chegou, de facto e por exaustão, o fim de uma fase?"
Copiado do Norteamos
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