segunda-feira, 2 de abril de 2007

Pedro Arroja e a Feminilidade em Portugal

Pedro Arroja continua a surpreender com as suas intervenções n'"A Blasfémia":

http://ablasfemia.blogspot.com/2007/04/largamente.html

"Provavelmente por virtude do papel decisivo e avassalador, na tradição familiar portuguesa, que a mulher desempenha na educação dos filhos - como argumentei em post anterior - a cultura portuguesa tem sido considerada por Geert Hofstede - que dedicou uma vida ao estudo das características culturais dos países - uma cultura que é largamente efeminada."

Ao lado do post, surge uma foto com 5 rapazes que, à partida, dir-se-ia serem bastante "efeminados".

Comentários:
- Primeiro, fala do papel decisivo e avassalador da mulher na tradição familiar portuguesa. Sinceramente, não estou a ver o que isto tem de português. Basta ver qualquer filme americano, japonês, brasileiro, ou francês para perceber que em todo o mundo "ocidental", quem educa os filhos são as mães. Em todas estas sociedades! O papel dos pais tem-se tornado crescente (em todas) e está relacionado com a entrada das mulheres no mercado de trabalho (lembram-se dos anos 50 nos EUA?). Especificidade portuguesa? Nenhuma.

- Depois, refere que a cultura portuguesa é largamente "efeminada". Isto, porque Portugal tem um valor relativamente reduzido na categoria "masculinidade" elaborada por Geert Hofstede. Menos masculinos, temos a Noruega, Suécia, Dinamarca, Holanda. Mais masculinos o Japão, EUA, Reino Unido, Alemanha, Austria. (Exemplos seleccionados de países economicamente prósperos, para permitir maior comparabilidade). Para Pedro Arroja, isto parece ser mau para Portugal...

Vejamos o significado de "Masculinidade" e de "Feminilidade" (wikipedia):
Masculine cultures value competitiveness, assertiveness, ambition, and the accumulation of wealth and material possessions.
Feminine cultures place more value on relationships and quality of life.

Pelos exemplos seleccionados, é curioso constatar que a masculinidade em nada afecta o PIB médio das populações. Curiosamente, os países mais femininos são reconhecidos por terem melhor qualidade de vida e um sistema económico social mais equilibrado. São também menos "machistas" em sentido estrito. (Do lado oposto, o Japão é uma sociedade assustadoramente machista).

No entanto, dir-se-ia ser positivo que uma sociedade possuísse elementos masculinos e femininos. Por exemplo - ambição e qualidade de vida.

Pedro Arroja parece não concordar. Só a masculidade conta. E como típico "macho man" prefere baixar o nível para a brejeirice, e confundir "Masculinidade" com "Machismo" e "Feminilidade" com "Homossexualidade". Como um dos comentadores do post dizia, "homem que não bate na mulher deve ser gay".

Eu, como é óbvio, não concordo nem um bocadinho. Se calhar, é porque fui muito bem educado pela minha Mãe (e pelo meu Pai também).


Nível de Provincianismo (0-10): 3 (lá fora é que é bom; "macho" man)

2 comentários:

Anónimo disse...

lol, é mesmo isso.
está armado em "macho man", mas não passa de um "efeminado arrojadote"

blogastrológico disse...

efeminado não,feminino.Desconfio q não leram o Hofstede.Mas também só um foi publicado em português